O dia de compadres realiza-se na quinta-feira antes do domingo magro, 2 meses antes do Domingo de Páscoa.
É o enterro dos compadres.
Vestíamo-nos todas de preto, com um lenço na cabeça e um chocalho na mão.
Dávamos a volta à vila, íamos chocalhando os rapazes da vila, e fazendo o pranto “Ai o meu compadre, ai que o meu compadre morreu”.
Quando passávamos ao Adro, estavam todos na barbearia do Zé Popino, assim que nos viam, corriam atrás de nós para nos molhar e atirar cinza, ficávamos todas ‘enfarinhadas’!
Fazíamos bandeiras pretas para por na chaminé, onde cosíamos urtigões, ossos, cascas de laranja e ratazanas, para os rapazes verem quando passavam à nossa porta.
Nesse dia também jogávamos o “Fum Fum”, fazíamos uma roda, e atirávamos uma bilha de barro de mão em mão, e gritávamos “Fum Fu Fum”, quando a bilha caia ao chão, a rapariga que a partia tinha que correr a casa buscar outra.
Domingo Magro:
Todos os dias desta semana íamos ao baile à noite.
Neste dia vestíamos uma saia de casturina, lenço na cabeça e um lenço chinês (que vinha de Espanha).
Dia de Comadres:
Vestíamos o nosso fato mais bonito, o típico de Alpalhão.
Nesse dia desfilávamos todas airosas pelas ruas da vila, fazíamos contradanças durante a tarde. No final, juntávamo-nos todas e comíamos arroz doce e boleimas.
Os ensaios eram feitos em casa da “tá Ponteira” e da “Tona Velhinha”.
Domingo Gordo
Vestíamos o fato de Carnaval, durante a tarde fazíamos contradanças, e à noite bailarico.
Segunda-feira de Ciganas
Neste dia vestíamo-nos de ciganas, saia até aos pés, avental ‘bonito’, xaile e trança no cabelo.
Dávamos a volta à vila, nos largos fazíamos rodas e cantávamos, entre outras, “Corre corre ciganito, vai a guarda atrás de ti…”
Arranjávamos um carro com um burro cheio de cuecas, meia e soutiens, e íamos brincando, fazendo a venda pelo caminho.
Terça-feira de Carnaval
Durante a tarde fazíamos contradança pelas ruas com o fato de Alpalhão.
No baile, até à meia noite continuávamos com o traje de Alpalhão; passada a meia-noite, como terminava o carnaval, íamos todas a casa despir o fato e vestíamos um corpete ou um lenço chinês.
Quarta-feira de cinzas
Íamos a pé até a Senhora da Redonda.
Os rapazes faziam lá petisco, comiam borrego.
Outros andavam a passear pelas ruas, de capote, e rasgavam as bandeiras, o resto da tarde ficávamos ali a namorar à porta.
“Oh Entrudo,
Oh Entrudo de uma cana
Tomara cá o Entrudo
Para bailar toda a semana”
Os salões de baile:
Cada um tinha um salão onde íamos bailar,
entre outros tínhamos…
-Salão das senhoras, o clube.
- Baile da tá Gordinha
- Nascisa Nabo
- Carola e Xica Ramiro
- Tá Ana Valente
- Tá Gonçala
- João Franco
- Salão do Pires
No salão do Pires, subia-se num escadote no meio do salão, não queria ninguém no meio, porque o aperto era tanto e no meio, andavam-se a beijar, então metia tudo à volta para os ver todos bem!
Enquanto andávamos na azeitona, à noite, à luz da candeia, com uma tesourinha íamos fazendo bandeiras com vários tipos de papel.
Quando voltávamos para casa, vínhamos em carroças e com as bandeiras no ar dizíamos:
“Já acabámos a azeitona
Já ganhámos o dinheiro
Viva o nosso rancho
E o nosso manajeiro”
Chegando o carnaval, para enfeitar os nossos salões de baile cada uma levava a sua bandeira. Na quarta feira de cinzas, cada uma entregava a sua bandeira ao seu rapaz, eles andavam pelas ruas a passear com as bandeiras e no final rasgavam-na.
Amélia Costuras
Áurea Maria
Mª José Sequeira
Ana Viseu
2 comentários:
Optimo!Continua a aproveitar esse manancial inesgotavel de que aí dispões!
Ora aqui está mais trabalho e pouca conversa fiada. Registo das tradições para que os novos que têm a vida à frente saibam como era, porque se fazia e porque se foi alterando. É bom saber e aprender com quem sabe, antes que as fontes se acabem. Parabens . É com grande prazer que felicito a equipa. Arquimino Rosa
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